Bolsonaro teme prisão de Eduardo ao chegar ao Brasil
Jair Bolsonaro não esconde a preocupação: se Eduardo Bolsonaro pisar no Brasil, pode acabar detido logo no aeroporto. O ex-presidente falou abertamente disso em entrevista à CNN, sugerindo que há uma vigilância pronta para agir assim que o deputado federal licenciado decidir voltar. Ele cutuca ao mencionar que querem a vinda do filho só para uma prisão imediata, colocando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no centro dessa tensão.
Desde janeiro, Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos e faz questão de declarar que se considera perseguido politicamente. Não é segredo para ninguém que seu nome circula entre os investigados de Moraes. Na esteira das ações do STF após os ataques de 8 de janeiro de 2023, muitos aliados de Bolsonaro sentem o cerco. Eduardo alega que, no Brasil, não teria garantias de julgamento justo e cita rotineiramente ameaças à sua liberdade — o que alimenta sua escolha de permanecer fora do país mesmo correndo risco real de perder o mandato na Câmara dos Deputados.

Mandato ameaçado e novas estratégias políticas
O tempo está correndo: Eduardo tem até 20 de julho para retornar ao trabalho no Congresso. Quem não retorna de licença acaba perdendo o mandato automaticamente, conforme as regras da Câmara. Mesmo assim, ele afirma publicamente que está disposto a abrir mão do cargo se isso for necessário para continuar articulando nos EUA. Chega a dizer que prefere ‘sacrificar’ o mandato a voltar correndo risco de prisão e sem liberdade para seguir sua agenda política.
Essa decisão rendeu o apoio aberto de Jair Bolsonaro, que utiliza o caso como símbolo de uma batalha maior entre aliados e adversários no Judiciário. Bolsonaro pai critica Alexandre de Moraes por abusos e vê o filho como alvo de uma perseguição com claras motivações políticas.
Do outro lado do continente, Eduardo segue ativo e barulhento. Comemorou bastante a decisão recente do governo Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre a importação de aço brasileiro. Para ele, essas sanções devem servir de pressão à Suprema Corte e ao governo brasileiro. Nos bastidores, fala-se que Eduardo tenta negociar a suspensão dessas barreiras econômicas em troca da aprovação de uma anistia aos manifestantes presos pelos atos de 2022 e até o fim de acusações de abuso de autoridade contra Moraes.
O clima de confronto institucional continua e Eduardo Bolsonaro, mesmo distante, se mantém como um dos principais articuladores da oposição à atual gestão e ao STF. Seja nos debates com conservadores americanos ou nas redes sociais, não esconde sua estratégia: usar a política internacional para interferir no embate jurídico e político que trava com o Supremo e o governo Lula.