Quartas de final com cara de decisão. Três brasileiros seguem vivos, clássicos Brasil x Argentina no cardápio e uma viagem à altitude de Quito para testar pulmão e cabeça. A fase que separa sonho e realidade na Copa Libertadores 2025 está definida e promete duas semanas de jogos intensos, técnicos à prova e torcidas no limite.
Quartas definidas: jogos, datas e enredos
O Palmeiras chega com moral: fez a melhor campanha da fase de grupos e ganhou o direito de decidir em casa. Pela frente, um velho conhecido: o River Plate. O primeiro capítulo dessa disputa começa no dia 17 de setembro, às 21h30, no Monumental de Núñez, com a volta no Allianz Parque no dia 24, no mesmo horário. No banco, um enredo que todo mundo quer ver: Abel Ferreira e Marcelo Gallardo voltam a se encarar. O histórico recente pesa a favor do Palmeiras em mata-matas contra o River, e isso entra em campo, sim, nem que seja só no subconsciente dos jogadores.
Em campo, a tendência é um duelo de paciência. O River costuma acelerar por dentro e chegar com muitos jogadores à área, enquanto o Palmeiras é letal quando rouba e dispara em transição. A bola parada deve ser um fator grande nos dois estádios, e o controle emocional no Monumental é quase um jogo à parte. Com a volta marcada para São Paulo, a equipe de Abel pode administrar o relógio se construir vantagem na Argentina, lembrando que não há gol qualificado: empate no agregado leva a decisão para os pênaltis.
No Rio, o Maracanã vai ferver no dia 18 de setembro, às 21h30, quando o Flamengo recebe o Estudiantes de La Plata. O Rubro-Negro aposta no volume ofensivo e na atmosfera do estádio para largar na frente antes da viagem a La Plata, onde a volta acontece no dia 25, também às 21h30. Do lado argentino, o cenário é de ajustes. O Estudiantes tem baixas importantes: o lateral González Pirez, lesionado no jogo contra o River, está fora dos dois confrontos, e Edwuin Cetré não viaja ao Rio para a ida, mas trabalha para estar à disposição no jogo na Argentina.
Esse choque de estilos é clássico: posse e imposição territorial do Flamengo versus um Estudiantes competitivo, forte em duelos e acostumado a sofrer sem perder a organização. Se o Fla acelerar pelos lados, vai obrigar os argentinos a coberturas longas. O que pode mudar tudo? Eficiência nas primeiras chances e um bom controle de transição defensiva para não oferecer contra-ataques.
Entre os brasileiros, o São Paulo pegou a viagem mais indigesta. Dia 18 de setembro, às 19h, o Tricolor joga em Quito contra a LDU, no Estadio Rodrigo Paz Delgado, a "Casa Blanca". A altitude de aproximadamente 2.850 metros afeta ritmo, respiração e força na bola. Não é frescura: a bola corre mais, o cansaço chega antes e cada erro de passe vira oportunidade do outro lado. Para piorar, a lembrança é recente e doída: a LDU eliminou o São Paulo na Copa Sul-Americana de 2023.
A volta no Morumbis, marcada para 25 de setembro às 19h, oferece outro contexto. Em casa, com grama, clima e pressão a favor, o São Paulo mira uma atuação mais propositiva. O desenho ideal para o Tricolor passa por sobreviver bem a Quito – com linhas compactas, poucas faltas próximas da área e chute de média distância sob controle – para acelerar na volta. A LDU, por sua vez, sabe explorar seu mando: costuma adiantar marcação, cruzar muito e chutar de fora. Quem controlar melhor o ritmo nos primeiros 20 minutos tende a ditar o tom da série.
O quarto duelo é 100% argentino: Racing x Vélez Sarsfield. A Academia abriu 1 a 0 no primeiro jogo, com gol de Adrián Martínez, e leva essa vantagem para a partida decisiva. É confronto entre clubes que ergueram taças no futebol local em 2024, mas que também venderam peças-chave e tiveram de se reinventar. É série de detalhes, de meio-campo congestionado e de paciência para encontrar o passe entre linhas. O Vélez precisa de frieza para não se expor cedo; o Racing tenta matar a classificação com controle e velocidade.
- Palmeiras x River Plate – Ida: 17/09, 21h30, Monumental de Núñez (Buenos Aires). Volta: 24/09, 21h30, Allianz Parque (São Paulo).
- Flamengo x Estudiantes – Ida: 18/09, 21h30, Maracanã (Rio). Volta: 25/09, 21h30, La Plata (Argentina).
- São Paulo x LDU – Ida: 18/09, 19h, Estadio Rodrigo Paz Delgado (Quito). Volta: 25/09, 19h, Morumbis (São Paulo).
- Racing x Vélez – Racing tem vantagem de 1 a 0 após o primeiro jogo.
O que está em jogo e os próximos passos
As quartas são o ponto de virada do torneio: quem passa ganha corpo de candidato real ao título. A agenda já está traçada: semifinais nas semanas de 22 e 29 de outubro; final única em Lima, no Peru, em 29 de novembro. É o período em que a gestão de elenco pesa. Cartões bobos custam caro, lesões mudam planos e o calendário local pressiona. Quem souber rodar o time sem perder identidade chega mais inteiro.
Há um olhar atento também para a arbitragem e o VAR. A promessa de mais transparência nas checagens cria expectativa por decisões mais claras para quem está no estádio e para quem assiste de casa. Em jogos de margem tão pequena, uma revisão bem comunicada evita caos emocional e mantém o foco no futebol.
Para os brasileiros, o pacote é claro: elenco forte, torcidas grandes e a fome de reconquistar a América. O Palmeiras joga com a confiança de quem conhece o caminho e tem modelo de jogo testado. O Flamengo precisa transformar controle em eficiência, sem oferecer espaço nas costas dos laterais. O São Paulo tem a missão de competir inteligente na altitude e ser agressivo em casa, com atenção total à bola parada defensiva.
Do outro lado, os argentinos trazem escolas diferentes dentro de um mesmo traço competitivo. O River é time de imposição e memória recente de grandes noites continentais. O Estudiantes vive do espírito copeiro, que não se mede em estatística, mas aparece nos minutos finais. Racing e Vélez, por sua vez, jogam uma série que vale mais do que o avanço: vale moral, vale narrativa para o restante da temporada.
Alguns pontos podem decidir as classificações: a primeira meia hora fora de casa, quando a pressão é maior; a gestão dos momentos pós-gol, para não sofrer o empate relâmpago; e a eficiência nas bolas paradas. Em fases assim, um escanteio bem batido vale tanto quanto um contra-ataque perfeito.
Falta pouco, e a margem para erro ficou mínima. Setembro vai separar quem está pronto para encarar duas semanas de intensidade, leitura tática e nervos firmes, de quem ainda busca respostas. A Libertadores cobra caro, e é por isso que a gente não consegue desgrudar dela.