Fuga cinematográfica e desafio nas redes
No início da manhã de 22 de julho de 2025, agentes de polícia chegaram à casa do rapper Oruam, no Rio de Janeiro, para cumprir um mandado de busca. O clima esquentou logo de cara: relatórios indicam que Oruam e pessoas próximas tentaram impedir os agentes de entrar, partindo até para agressões contra a equipe policial. O artista conseguiu escapar antes que os policiais o alcançassem. Mas ele não se escondeu em silêncio. Pouco depois da confusão, o cantor fez questão de aparecer nos stories das redes sociais, debochando da situação. "Vem aqui me pegar no complexo", disparou, indicando que estaria escondido no Complexo da Penha — território complicado, conhecido por ser reduto de facções e de difícil acesso policial. O gesto não passou batido. Oruam transformou a situação em espetáculo digital, instigando seguidores e desafiando abertamente quem tenta capturá-lo.
Essa movimentação acende de novo o debate sobre como criminosos — ou acusados de crimes — aproveitam o poder das redes para construir narrativas e até ganhar simpatia de parte do público. No caso de Oruam, a polêmica já virou rotina e parece até combustível para sua presença na mídia.
Acusações pesadas e padrão de polêmicas
A polícia não demorou a anunciar: prepara a denúncia por associação criminosa, apontando ligações do rapper com o Comando Vermelho, uma das maiores e mais violentas facções do Rio. Investigadores dizem que a relação entre Oruam e o grupo é antiga. Esse episódio seria só mais um capítulo em uma longa sequência de problemas com a lei, onde música e criminalidade se misturam num cenário preocupante.
A ficha policial do cantor já vinha crescendo. No início de 2025 ele foi preso por dar abrigo a Yuri Pereira Gonçalves, considerado foragido e alvo de investigações por tráfico de drogas. Antes disso, Oruam já havia sido detido em outra operação policial, desta vez por infrações de trânsito, situação que mobilizou fãs e, em meio aos protestos, até um jornalista foi agredido. O caso ganhou peso extra nas redes, onde o debate entre fãs, críticos e autoridades se espalhou rapidamente.
No meio desse turbilhão, Oruam lançou o álbum Liberdade. O título tem lá sua ironia: enquanto canta sobre ruas, superação e conquistas em suas faixas, o artista enfrenta um cerco jurídico cada vez mais pesado. Não é coincidência. Sua música carrega o peso da realidade em que está inserido — e o público parece divididamente fascinado e chocado com esse retrato cru.
Enquanto a polícia tenta cercar o rapper, a expectativa agora gira em torno dos próximos passos: a investigação vai conseguir reunir provas sólidas para indiciá-lo de vez por envolvimento com o Comando Vermelho? Oruam vai seguir transformando a perseguição em arma midiática e marketing? Será que esse ciclo de polêmicas afeta sua carreira a longo prazo ou só alimenta a fama?
